Em mais uma de suas visitas, a Revista Mulheres do Agro vai até Pedrinhas Paulista, interior de São Paulo, para conversar e conhecer mais sobre a atividade da produtora Claúdia Di Raimo Favato, que cultiva peixes e é proprietária da Piscicultura São Geraldo.
Início da piscicultura
Tudo começou com a curiosidade do casal em iniciar o cultivo com os peixes. Em 2006, compraram dois tanques, após seu marido, Edson Favato, ter semeado a ideia no dia-a-dia. Mas como nenhum deles era do agro, começaram a produção no sítio de seu pai, onde havia o lago para os peixes, a Usina da Capivara.
Processo burocrático
No entanto, Cláudia comenta que não foi fácil no começo, pois a piscicultura tem muita burocracia envolvida: “é muito burocrático. Eu falo que, se tivesse que começar hoje o negócio, eu não começaria. Na época não sabíamos como era pra conseguir uma licença, esse é o problema. Tem que participar de licitação é muita coisa; não é simplesmente chegar e colocar o tanque dentro da água. Pode até por, mas se vieram fiscalizar, tem que tirar porque não tem o documento, sem contar que você ainda pode levar multa”.
Após organizarem todos os documentos e legalizarem o projeto, que seria em Assis, foram até Brasília para licitar a área. Depois dos trâmites legais, o casal teve de pagar pela área.
Trabalho no agro
Com início em 2006, Cláudia diz que não é nada fácil o trabalho no agronegócio, mas que, com empenho e dedicação, dá para ganhar dinheiro: “tudo tem seus prós e contras. Mas, não significa que você vai ficar rica”. Além do árduo trabalho com os peixes, a produtora ainda comenta que o fator do sol nas costas o dia todo e a ausência de horário fixo de trabalho é complicado. “Às vezes, você combina com o fornecedor 13h ou 3h da manhã, o cansaço é grande”.
Cláudia fala que não conheceu a piscicultura por alguém próximo a ela. O interesse surgiu quando foram visitar o vendedor dos tanques e descobriram que ele criava peixes e tinha o projeto em Assis. “Após isso, ele teve um problema de saúde e se afastou do projeto, deixando-o para nós. Começamos com a ajuda do pessoal de Assis. Eles que fizeram para nós”.
A produtora ainda afirma que nunca sentiu dificuldades por ser uma mulher à frente do projeto. “Nunca liguei para essas coisas, acho que homens e mulheres são iguais, eu só vou e faço meu trabalho. Os assuntos burocráticos ficam com meu marido, mas para tocar a piscicultura, eu sou a responsável, a não ser quando não posso vir até aqui, mas sei que pessoal que me ajuda na propriedade dá conta”.
Pedrinhas Paulista
O trabalho em Pedrinhas Paulista é elogiado pela produtora, mas confessa que o problema não é laborar no município, e sim na região do Vale do Paranapanema, visto que o negócio cresceu e passaram a entregar os peixes para pesque pagues, frigoríficos e Seasa: “mas, 2018/19 foi muito ruim, porque os fornecedores não tinham a levina para nos entregar.
Tivemos uma defasagem de peixe muito grande, porque não tinha peixe para vender e, se não tem, você precisa tirar dinheiro do seu bolso para trabalhar. No entanto, o ano de 2020 foi muito bom para trabalhar, colocamos 50 mil peixes por mês, menos no inverno, porque se não, não há continuidade”.
Comercialização e projetos
A produtora tem licença para vender o peixe vivo ou no gelo, para quem se interessar, só não pode vender o filé dele, já que não possui o documento necessário para isso. “Estamos tentando fazer isso, mas é algo super enrolado, muito burocrático”.
Em 2021, Claudia espera conseguir realizar a construção de um frigorífico em Pedrinhas Paulista. A documentação necessária já está sendo preparada. “O rapaz disse que o processo todo deve levar cerca de seis meses”.
Desafios da piscicultura
O clima é um dos principais causadores de problemas no criadouro, principalmente calor e vento, que estressam os peixes e fazem com que rasguem as redes, às vezes os tanques tombam pelas fortes rajadas de ar. “Já teve vez que perdemos tudo que tinha dentro do tanque”.
Segundo Claudia, o verão é um problema, pois a água sofre uma inversão de temperatura muito grande, impactando na amônia presente. “Mesmo que no inverno eles não comam muito e fiquem mais acanhados, os peixes se alimentam com 60% da ração, somente, trazendo uma demora a mais no processo de ganho de peso, mas em contrapartida, gastamos menos”.