“O agro não para e nem deve parar”, foi a primeira coisa que a nossa entrevistada de hoje, a produtora Camila S. Susin, do Rio Grande do Sul, disse à Revista Mulheres do Agro. Sua família tem terras no estado há três gerações e atualmente possuem uma propriedade “bonita e produtiva” no interior do município de Ronda Alta (RS).
Na véspera do carnaval, tivemos a oportunidade de conversar com essa grande defensora do agronegócio brasileiro sobre sua rotina no campo nesta safra de verão. Confira o depoimento da produtora:
Planejamento para a safra de verão
“Nosso preparo para o cultivo das lavouras de verão acontece já no manejo de inverno, através do plantio de vegetação de cobertura para a geração de palha e, consequente, proteção da biota do solo, além de algumas culturas comerciais como aveia e trigo mais adaptadas às temperaturas do estado nessa época.
Safra de verão
Temos todo esse preparo para as nossas principais culturas de verão, no caso a soja rainha soberana, e o milho hoje também bastante valorizado no mercado, entre os quais optamos pela rotação de culturas numa proporção 350 hectares da primeira e 70 hectares para a segunda, garantindo, além do enriquecimento da matéria orgânica do solo, a quebra da resistência adquirida por pragas e pestes pertinentes às culturas. Essa opção também melhora a fixação de nitrogênio no solo e, rotacionando raízes leguminosas com raízes gramíneas, a permeabilidade do solo para a penetração e retenção d’água melhora. Como o solo do Rio Grande do Sul conta ainda com a presença de alumínio e pH ácido, anteriormente ao plantio do milho é feito a aplicação de calcário e gesso para correção gradual do pH, neutralização do alumínio e fornecendo cálcio.
Plantio soja e milho
No ano de 2020, durante a implantação da lavoura de verão, que têm novembro como mês prioritário para o plantio, sofremos com uma pequena estiagem de 15 dias, que resultou no atraso do plantio, encerrando o processo apenas no início de dezembro. Apesar das condições da terra terem resultado numa germinação complicada das sementes, a tecnologia presente garantiu a resistência delas, e nesse momento, 15 de fevereiro, com a posterior regularidade das chuvas, estamos observando a possibilidade de uma boa colheita, especialmente na soja. Se tudo correr bem, 80 sc/ha na soja e no milho, que sofreu um pouco mais com o estresse hídrico, esperamos uma produção de aproximadamente 140 sc/ha.
Produtividade e sustentabilidade
As tecnologias disponíveis no campo ajudam e muito o agricultor na obtenção de bons resultados. Há não muito tempo lembro do meu pai feliz quanto alcançava a produtividade de 50 sc/ha de soja. No ano passado, devido à seca, alcançamos a média de 63 sacas de soja, e foi um ano aquém da nossa normalidade. Alguns fatores merecem ser citados, pois muito contribuem no crescimento da produção brasileira sustentável: rotação de culturas, plantio direto, sementes certificadas e tratadas, OGM, inoculantes, adubação de linha e adubação foliar, além da constante pesquisa e aprimoramento dos nossos velhos conhecidos inseticidas, fungicidas e herbicidas, nos permitem produzir cada vez mais, sem acréscimos de novas área.
Vale lembrar que na nossa propriedade, além da área de produção, contamos com 79 hectares de mata nativa e 45 hectares de campo nativo, várzeas e desaguadouros, tudo devidamente comprado e registrado através do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Colheita da safra de verão
Com a expectativa de que o momento da colheita chegue sem maiores intercorrências, no dia 25 deste mês de fevereiro esperamos começar a colher o milho e, após pequena pausa, aproximadamente em 25 de março, recomeçar com a colheita da soja, e ir à campo buscar o resultado de mais um ciclo de trabalho que se encerra, já com o início de nova preparação para a Safra 2021/2022.
Deus abençoe esta e as próximas safras e os agricultores que têm a coragem de manter seus negócios a céu aberto. Vai Brasil, estamos contigo!
Deixo meu abraço e admiração a cada agricultora/leitora desta revista que faz parte desse universo incrível e admirável, porém muitas vezes não reconhecido, da agricultura brasileira”.
Agradecemos a produtora Camila Susin pelo depoimento e reforçamos os votos de uma boa colheita para todos os agricultores do país.
Acompanhe a Revista Mulheres do Agro para mais entrevistas com produtoras de diversos cantos do Brasil.