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Formada em farmácia e direito, Leniza Ludwig é destaque na gestão do agro

Quando falamos de um trabalho feito “dentro” da porteira, incluímos a lida e o manejo da lavoura, o cuidado com o desenvolvimento da planta e a atuação com os equipamentos. Mas para chegarmos a esse ponto, há muito trabalho nos bastidores. A preparação feita “fora” da porteira é essencial para que a manutenção, a rentabilidade e a produtividade das terras se mantenham. Na região de Sertanópolis (PR), a família Ludwig trabalha em conjunto no escritório sede das propriedades, que contam com 11.500 hectares distribuídos nos estados do Mato Grosso, São Paulo e do Paraná.

Na linha de sucessão, a produtora Leniza Ludwig e seus irmãos representam a quarta geração da família no agronegócio. Ela atua há mais de cinco anos na gestão das propriedades de seu pai, Dagoberto Ludwig, auxiliando em questões administrativas e financeiras. Sua primeira formação é farmacêutica, direcionada à área de alimentos, concluindo especialização, mestrado e doutorado no tema. Ela destaca seu trabalho com cereais, principalmente a aveia e cevada. Quando deixou de atuar nesse ramo, já estava cursando direito. “Na gestão da nossa empresa eu uso bastante os meus conhecimentos, tanto com os cereais quanto da área do direito, mas atuo mais na parte financeira. Temos que aprender um pouquinho de cada coisa para poder contribuir de uma forma significativa na gestão rural”, ressalta Leniza.

Para a produtora, a empresa é uma extensão de sua casa. “Acredito que por ter vindo de uma família que sempre trabalhou tradicionalmente no agronegócio, tenho paixão por ajudar no agro, em estar envolvida nas operações que sempre sustentaram a nossa família. Me sinto realizada com o que faço”, afirma. Seu pai trabalha diretamente com as terras, confiando em sua filha a parte administrativa do negócio. “Ele se envolve muito pouco com os papéis e precisa de uma pessoa de confiança para ler os contratos, atualizar um software de gestão, fazer relatórios mais detalhados. É muito importante registrar tudo em documentos, para fazer uma análise mais criteriosa e profissional daquilo que vem acontecendo”, declara Leniza.

De acordo com a produtora, trabalhar com o agro não é diferente de gerir uma companhia. “Hoje o agro é realmente uma empresa, com operações complexas. Precisamos gerar indicadores de produtividade e de preço para sabermos quando arrendar uma terra, quanto pode ser gasto, qual a margem de resultado em uma área em determinada região”, diz Leniza. Todas essas informações são registradas no escritório sede da família, em Sertanópolis, junto com o histórico dos dados das fazendas e relatórios financeiros e gerenciais. A partir do material compilado, são feitas reuniões para tomadas de decisões assertivas e seguras a respeito dos negócios da família.

TECNOLOGIA EM CAMPO

Na empresa do agro, a tecnologia vem como uma grande aliada para fortalecer o trabalho feito no campo e ajudar nos desafios do setor. Segundo Leniza, ela é essencial para quem quer manter sua competitividade no mercado e continuar com uma boa margem de lucro. “Temos que fazer investimento e nos atualizar, é uma questão de mercado. Com a maior produtividade, vai ter mais produto no mercado e isso vai apertar a nossa margem”, explica a produtora.

O custo para essas inovações também são outro fator para se levar em consideração. “Nada mais justo do que quem oferece a tecnologia ter a sua contribuição dentro daquele lucro, considerando que a produtividade vai crescer por isso”. Por isso, parcerias com empresas e instituições que sejam sérias e idôneas são bem importantes, segundo Leniza. “Elas ajudam nas escolhas de investimentos para dentro das fazendas, para não fazermos mais do mesmo e correr o risco de sermos excluídos do mercado”, alerta a produtora.

A tecnologia também não pode atrapalhar a agilidade da gestão rural, comenta Leniza. Ela conta que, às vezes, uma máquina é tão tecnológica que o operador não dá conta de lidar com o aparelho, “tecnologia deve ser acessível e prática para trazer resultado”. Além disso, o processo de inserção dessas novidades deve ser feita de forma gradual e contínua. “Não dá pra fazer tudo de uma vez. O controle do que vai sendo implementado é feito ano a ano, precisa de uma padronização e de validação para ver se está realmente trazendo resultado. Por meio dos relatórios e feedback dos funcionários, buscamos sempre ir crescendo na forma de gestão e produtividade nas propriedades”, declara a produtora.

MULHERES NO AGRO

A ampliação da atuação da mulher tem sido um grande diferencial no cenário atual do desenvolvimento e crescimento do setor do agronegócio. “A mulher vem para somar. É um setor que vem exigindo cada vez mais multidisciplinaridade e diferentes personalidades para atuar dentro da empresa. Elas trazem melhorias contínuas e inovação, se encaixam perfeitamente nesse campo, seja na fazenda, na agroindústria, na unidade de beneficiamento… O agro está em constante mudança e expansão, e a mulher está pronta para esses desafios”, enfatiza a produtora.

Leniza cita sua própria experiência como exemplo: “Vim de uma formação acadêmica dentro da área de ciências da saúde, depois trouxe uma visão jurídica para acrescentar aqui e hoje faço muito mais além disso. Trabalhar em família é um grande desafio porque vamos para casa ou nos reunimos no final de semana e continuamos trabalhando e falando de negócios, mas o agro é uma paixão nossa. Fazemos esse trabalho com amor, é muito gratificante.  Quando colocamos o coração naquilo que a gente faz, se gostamos daquilo que estamos fazendo, acredito que teremos sucesso na nossa empreitada”, conclui a produtora.

O Rally Mulheres do Agro tem o patrocínio da BASF, HELM do Brasil e Simbiose, além da parceria com a AgroValley e Missão Mulheres do Agronegócio Brasil.

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