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Agribela: controle biológico nas lavouras – Como funciona?

Na busca pela sustentabilidade nos campos rurais brasileiros, o controle biológico se coloca como um grande aliado no combate às doenças e pragas agrícolas, bem como os insetos transmissores de diversas patologias, de forma racional e sadia. O uso de inimigos naturais contra essas infestações não deixa resíduos nas plantas e é inofensivo ao meio ambiente e à saúde da população. Além disso, o método diminui a necessidade (e o custo) com os tradicionais controles químicos, auxiliando no manejo integrado de doenças e pragas. 

AGRIBELA 

A Agribela, startup idealizada pelos sócios Gabriela Vieira Silva e Luíz Guilherme Lira de Arruda, tem como missão tornar a agricultura mais eficiente com o controle biológico. As propostas e ideias da organização visam oferecer equilíbrio ambiental, segurança e produtividade de qualidade para os produtores.  

Em entrevista para a Revista Mulheres do Agro, a bióloga e agrônoma Gabriela falou sobre seu estudo com pragas e inimigos naturais da cultura da soja e do milho. Foi a partir da Cotesia flavipes, uma vespinha que controla a broca, uma lagarta que ataca a cana-de-açúcar, que seu interesse pelo controle biológico começou. Ela ficava incomodada com a forma de liberação desse inseto na lavoura, com copos plásticos no meio das plantações. Isso inspirou a criação do Biodrop, uma cápsula feita de material biodegradável na qual é inserida uma espécie de vespa, que varia de acordo com a cultura e a praga. 

Segundo a bióloga, para a soja é usado o Telenomos podisi, uma microvespa parasitoide que se instala no ovo do percevejo. Para a cana-de-açúcar é utilizada a Cotesia flavipes, que combate a lagarta. Para o milho foi liberado o uso do Trichogramma, que parasita os ovos da lagarta de cartucho. “Para a cultura da cana são necessárias 13 cápsulas por hectare. Na do milho e da soja varia de 24 a 28. Isso que é o interessante do Biodrop, ele vai se adequando a cada cultura. É uma ferramenta muito versátil, pode ser usado para qualquer cultura que tenha um macroorganismo para fazer o controle da praga”, aponta.  

SAFRA 2020/21 

Sobre a safra de verão 2020/21 com a cultura da soja, Gabriela destaca que obtiveram ótimos resultados com o manejo biológico nas áreas atendidas pela Agribela, porém, enfrentaram muitos contratempos por causa de aspectos climáticos. “Está sendo uma safra bem desafiadora, mas positiva”, diz a bióloga, esclarecendo que as terras foram bem afetadas pela seca, o que atrasou a semeadura da soja. Depois do período de estiagem, as áreas receberam chuvas constantes e intensas. Quando a situação climática voltou ao normal e chegou o momento da colheita, as chuvas voltaram.  

Por isso, a Agribela está lidando com diversas lavouras que apresentam abortamento de vagens. “Aconteceu de forma generalizada no Paraná e em lugares do Centro-oeste também”, comenta a bióloga. Ela acredita que o fenômeno tenha sido causado por excesso de umidade em algum momento crucial do desenvolvimento da cultura. “Acaba que tudo fica afetado”, aponta Gabriela. 

Apesar das dificuldades com o clima, o manejo de pragas nas propriedades está satisfatório. A startup aumentou o número de produtores atendidos, continuando com as duas propriedades já mencionadas, que aumentaram as áreas de utilização do controle biológico, e expandiram para mais propriedades no norte, oeste e em outras regiões do Paraná e no estado do Mato Grosso também. A expectativa de produtividade na safra de verão dessas propriedades gira em torno de uma média de 70 sc/ha.  

A grande novidade dessa safra foi a distribuição terrestre das cápsulas do Biodrop. “Foi um implemento que desenvolvemos com bastante cuidado e carinho para que fossem aumentadas as possibilidades de utilização das cápsulas para os produtores de diversas culturas”, ressalta Gabriela. A mecanização otimiza o trabalho com o controle biológico e permite a expansão das áreas de utilização do Biodrop sem o aumento de custo. 

Como exemplo, a bióloga comenta que em uma das áreas foram realizadas pulverizações simultâneas, ou seja, no momento de liberação das cápsulas para controle do percevejo, também estava tendo incidência de lagartas. “Sempre lembrando que trabalhamos com monitoramento semanal, as aplicações não são feitas calendarizadas, a torto e a direito”, frisa Gabriela. Com o uso da distribuição mecanizada terrestre das cápsulas, o equipamento é acoplado ao pulverizador e enquanto o produto para combater as lagartas era aplicado, o Biodrop era liberado para conter os percevejos. 

E sim, a pulverização do inseticida e liberação das cápsulas com inseto para controle de pragas diferentes podem ser feitas ao mesmo tempo, esclarece a bióloga. Além da seletividade dos produtos usados nas terras, a própria cápsula protege o parasitoide e no momento da liberação, não há contato com o produto. “Sabemos que os insetos podem ser mortos pela gota do produto, por isso a proteção do Biodrop é tão interessante e todo o processo é feito de forma profissional, otimizando tempo e recursos financeiros”, pontua. 

O manejo biológico com o Biodrop também é realizado na cultura do café, tanto para pragas como a broca do café e o bicho mineiro, quanto para doenças. A startup fez teste em uma propriedade modelo do norte pioneiro do Paraná e obteve bons resultados. Agora, estão expandindo a área de atendimento na região cafeeira. Além disso, a Agribela atua nas culturas de cana-de-açúcar, milho, tomate e morango.  

Outra inovação apresentada pela startup nessa safra de verão foi uma armadilha multifuncional, que captura mais de um inseto “por vez” e na mesma estrutura. Ela está sendo muito requisitada nas lavouras de cana-de-açúcar e de milho. “Estamos acompanhando o plantio do milho safrinha e o manejo da cigarrinha, que tem causado grande preocupação nos produtores pela transmissão dos molicutes causadores do enfezamento, e também da lagarta e do percevejo”, elucida Gabriela. Nessas oportunidades, a interação entre o controle biológico e as ferramentas químicas têm se mostrado uma alternativa bem interessante nas lavouras para controlar o desenvolvimento da população das pragas no campo.  

Para saber mais detalhes sobre a atuação da AGRIBELA e o manejo integrado de pragas e doenças defendido pela startup confira a matéria completa na  3ª Edição da Revista Mulheres do Agro que está disponível na banca digital (clique aqui para ser redirecionada)

 

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