A Revista Mulheres do Agro tem entrevistado produtoras de diversos cantos do país para saber mais sobre o trabalho delas no campo nesta safra de verão.
Dessa vez, a Revista teve a oportunidade de conversar com a produtora Ivanir Pradella, que tem propriedades no interior da Bahia, nos municípios de São Desidério e Formosa do Rio Preto, e é uma das fundadoras do Núcleo Mulheres do Agro Oeste da Bahia.
Em um espaço com cerca de 4 mil hectares, Ivanir plantou 2.600 hectares de soja e 1.356 hectares de milho. Normalmente o plantio da safra de verão é realizado em meados de outubro, mas por conta da seca enfrentada na região, o processo teve atrasos, ocorrendo apenas nos meses de novembro e dezembro.
Ivanir explicou que em todos os anos há um período de veranico em janeiro no oeste da Bahia, e que os produtores se programam para isso. “É realizado um escalonamento de plantio exatamente para evitar problemas com esse veranico que já está previsto”. Depois dessa fase, as chuvas voltaram “nos últimos minutos do segundo tempo” para salvar a lavoura, de acordo com Ivanir.
Apesar de não terem tido chuvas suficientes, ficando abaixo da média esperada, as plantas se sustentaram e agora em fevereiro a região está recebendo uma boa quantidade de água. “Faz dez dias que está chovendo, mas são garoas boas que ajudam o solo, estão sendo muito benéficas no desenvolvimento das lavouras”, comentou Ivanir.
A produtora completou ainda que se o clima continuar favorável, como está previsto para os próximos dias, a produtividade será alta: “as lavouras estão muito bonitas, se o clima continuar favorecendo vai ser uma das melhores safras que a região do oeste da Bahia já teve”.
Outro fator que está colaborando nesse resultado é o manejo eficaz que foi realizado, fazendo com que as pragas e doenças não se tornassem um problema nessa safra. “Estamos sendo beneficiados porque não temos tido muitas doenças nas lavouras, isso é super positivo”, diz a produtora.
No momento, a maior parte das lavouras na região já está na fase de enchimento de grão e a colheita está prevista para o final do mês de março. “Vamos ter produtividades diferentes, porque depende da variedade e da área, mas estamos esperando uma produtividade de soja acima de 70 sc/ha e 180 sc/ha de milho”, ressaltou Ivanir.
Os números são bem diferentes do ano passado, que por conta de uma longa estiagem fez com que a média do oeste da Bahia girasse em torno de 55 sc/ha de soja e 140 sc/ha de milho.
Cobertura de solo no inverno
Depois da safra 20/21, Ivanir irá plantar milheto, sorgo e braquiária para cobertura do solo. “Nós não chamamos de safrinha, ela pode vir a produzir como se fosse uma, mas o objetivo de plantar essas cultivares é fazer cobertura de solo”, esclareceu a produtora.
Até o mês de maio a região recebe muita chuva, o que permite a colheita da semente do sorgo e milheto, servindo como uma renda extra, além de auxiliar o solo. “Mas uma safra de safrinha acontece uma vez a cada dez anos numa área de sequeiro”, reforçou Ivanir, “quem tem irrigação planta feijão e outras culturas, eles têm janela para mais uma safra”.
O preparo do solo durante o inverno foi destaque na fala da produtora, que enfatizou a importância de proteger a terra para o verão. “Temos feito plantio direto desde 2004 e trabalhamos bastante a questão de cobertura com braquiária, sorgo e milheto, estruturando o solo para que no período de veranico a planta tenha umidade suficiente para os dias de sol”, explicou Ivanir, comentando que a região do oeste da Bahia tem um solo arenoso, e que no plantio convencional as plantas sentiriam muito a escassez de água. “O preparo do solo faz toda a diferença, e não tem como evitar veranico, só podemos nos precaver e precaver o solo para aguentar”, conclui a produtora.