Na 66ª edição do Prêmio Fundação Bunge, marcada para 10 de novembro, em São Paulo (SP), a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, será contemplada com o Prêmio Fundação Bunge, na categoria “Vida e Obra”- em crédito de carbono e agricultura regenerativa – por sua trajetória de pesquisa focada em biodiversidade microbiana, microbiologia do solo e fixação biológica do nitrogênio. “Receber esse prêmio tem, para mim, um valor inestimável, com reconhecimento do firme propósito de dedicar uma vida e uma carreira na busca de tecnologias aplicadas à agricultura que permitam obter altos rendimentos com sustentabilidade”, afirma Mariangela.
Impactos da trajetória de pesquisa – A pesquisadora tem sua carreira dedicada às pesquisas que usam microrganismos em substituição total ou parcial aos fertilizantes químicos. Desenvolveu ainda pesquisas sobre biodiversidade microbiana, microbiologia do solo e fixação biológica do nitrogênio (tecnologia que utiliza bactérias que retiram o nitrogênio da atmosfera e o disponibilizam para a planta). Suas pesquisas geraram economias de cerca de US$ 38 bilhões em importações de adubos nitrogenados, somente para a cultura da soja na safra passada.
Mariangela coordenou também pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias, como na autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) para a cultura do feijoeiro, Azospirillum para as culturas do milho e do trigo e de pastagens com braquiárias e coinoculação de rizóbios e Azospirillum para as culturas da soja e do feijoeiro e pastagens.
Reconhecimento profissional – Em 2020, a pesquisadora foi classificada entre os 100 mil cientistas mais influentes no mundo, de acordo com estudo da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos. Intitulado “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators”, o trabalho foi realizado a partir de um banco de dados mundial com sete milhões de cientistas e publicado no periódico PLOS Biology.
Já em 2022, ela ficou na primeira posição brasileira no recém-lançado ranking dos 100 principais cientistas em Fitotecnia e Agronomia e teve estudo publicado pelo Research.com, um site que oferece dados sobre contribuições científicas em nível mundial. Recebeu também prêmios do Instituto Pensar Agro, da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e o Prêmio Norman Borlaug – Sustentabilidade, da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
Currículo – Mariangela possui graduação em Engenharia Agronômica (Esalq/USP), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas (Esalq/USP), doutorado em Ciência do Solo (UFRRJ) e pós-doutorado em três universidades: Cornell University, University of California-Davis e Universidade de Sevilla. A pesquisadora é comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Integra o quadro da Embrapa desde 1982 e está lotada na Embrapa Soja desde 1991. É professora e orientadora da pós-graduação em Microbiologia e Biotecnologia na Universidade Estadual de Londrina e do curso de Bioinformática na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Mariangela assina mais de 500 artigos científicos, capítulos de livros e publicações técnicas e já treinou mais de 100 estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado.
Mariangela foi representante da área ambiental e do solo da Sociedade Brasileira de Microbiologia por 20 anos, foi a primeira presidente da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e atuou como vice-presidente e presidente da Relare (Reunião da Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola), que reúne representantes da pesquisa, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do setor privado. Também fez parte do comitê coordenador do projeto N2Africa, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates para projetos de fixação biológica do nitrogênio na África, além de projetos com praticamente todos os países da América do Sul e Caribe, além de países da Europa, Austrália, EUA e Canadá.