As cooperativas, sindicatos de produtores e trabalhadores rurais juntaram forças para realizar manifestação contra o aumento da carga tributária de diversos setores da economia paulista, sendo o agronegócio um dos mais impactados. Os protestos receberam o nome de “Tratoraço” e foram marcados para hoje, dia 7 de janeiro, ocorrendo em vários municípios do estado de São Paulo. A região de Araraquara se destacou pela forte presença de mulheres do agro participando das manifestações.
A Revista Mulheres do Agro conversou com uma das organizadoras do Tratoraço em Araraquara, a produtora Anna Paula Nunes. Ela conta que os produtores da região estavam insatisfeitos com as alterações nas alíquotas do ICMS há algum tempo. Antes do natal, organizaram um grupo de WhatsApp para debater ações que pudessem reverter a situação.
O grupo começou com 20 pessoas, mas logo cresceu. Havia produtores, comerciantes, sindicalistas e representantes de cooperativas discutindo formas de revogar a lei que instituia o aumento do ICMS nos insumos agrícolas. Foram desses movimentos nas redes sociais que surgiu o Tratoraço, que se espalhou por todo o território paulista.
O Sindicato Rural de Araraquara, produtores, lojas de insumos e máquinas agrícolas, revendas e cooperativas se juntaram para realizar hoje, na parte da manhã, o Tratoraço no município de Araraquara. O movimento reuniu 35 tratores, 3 caminhões e cerca de 100 carros. Mais de 20 mulheres do grupo “Mulheres do Agronegócio Araraquara” participaram da manifestação.
Os manifestantes saíram às 8h da frente do sindicato rural do município e fizeram uma carreata pelas principais vias da cidade. Um carro de som acompanhava os maquinários, explicando o motivo do protesto. “Explicamos o que estava acontecendo e o que o aumento de ICMS ia causar. É importante falar que esse aumento não ia prejudicar apenas o produtor rural, mas sim a população inteira, irá inflacionar tudo!”, ressalta Anna.
Com duração de uma hora, o Tratoraço foi recebido com palmas pelas ruas e os araraquarenses acenaram para os produtores. “Foi uma manifestação pacífica e não partidária, não tivemos problema algum. Nosso foco é na revogação oficial da lei que estabeleceu o fim da isenção de ICMS”, garante a produtora.
Sobre a suspensão de alguns pontos da lei divulgada ontem no site oficial do Governo do Estado de São Paulo, Anna comentou que o grupo de produtores da cidade considerou a ação uma “jogada” para minimizar a força e organização do Tratoraço. “Entramos em consenso e continuamos com a manifestação. Não queremos que a lei seja apenas suspensa em algum grau, queremos a revogação dessa lei”, frisa a produtora.
Por enquanto, a categoria aguarda decisão do Governo do Estado de São Paulo perante as reivindicações feitas hoje. “Esse tratoraço serviu pra mostrar a força e a união dos produtores”, concluiu Anna Paula.
Sobre a produtora:
Anna Paula é produtora na região de Boa Esperança do Sul, onde está localizada a propriedade da família, a Fazenda Jangada Brava. Ela fundou o grupo “Mulheres do Agronegócio Araraquara” em janeiro de 2020, inspirada pelas ações promovidas pela empresária e palestrante do agro Andrea Cordeiro. Mesmo com os desafios enfrentados com a pandemia, o grupo cresceu e hoje conta com a participação de cerca de 40 mulheres envolvidas direta ou indiretamente no agronegócio da região.
Mais detalhes sobre a trajetória de Anna Paula no agro você encontra na edição de dezembro da Revista Mulheres do Agro.
