No final de março, o Rally Mulheres do Agro teve a oportunidade de conhecer mais sobre a cultura do algodão no Mato Grosso. O projeto entrevistou a produtora Márcia Regina Franzin Garbugio, que desde muito jovem está envolvida com o agronegócio. Ela representa a quarta geração da família no setor. Casou em 1981 com um agricultor e alguns anos depois mudou de sua cidade natal, Maringá (PR), para Campo Verde (MT), onde mora até hoje.
A mudança não foi apenas de estado, já que, na agricultura, as atividades da região eram outras. Antes, estava acostumada com soja, trigo e cana-de-açúcar. No Mato Grosso, na propriedade da família, a Fazenda Lagoa Dourada, onde trabalha com seu esposo e filhos, a soja permanece como a safra principal de verão, mas realizam o plantio do milho e de algodão como safrinha e conduzem atividades na pecuária. Além disso, a produtora planta pequenas áreas de feijão e de café — “para não dizer que perdi as raízes do Paraná”, diz Márcia — apenas para consumo próprio da família.
A diversidade nos cultivos tem como principal fator a importância da rotação de cultura. “Fazemos isso para não deixar o solo cansado, não dá pra plantar só uma cultura por safra”, comenta a produtora, explicando que na sua propriedade cultivam um produto em uma área durante dois anos e nos próximos dois anos outra, para ajudar no manejo do solo e evitar ataques de praga.
Na safra 2020/21 de soja tiveram que produzir um pouco de milho verão por conta do atraso no plantio, que não começou até virem as chuvas e que foram escassas na região. Isso acabou afetando a safrinha também, segurando o plantio do algodão por quinze dias e do milho de inverno por quase um mês. “Torcemos para que venham chuvas nos meses de abril e maio para termos uma boa colheita”, destaca Márcia.
ALGODÃO
Cultivando algodão há mais de 20 anos, Márcia explica que alguns produtores da região que possuem terras mais arenosas plantam a cultura como safra “normal”, ou seja, em dezembro, e não fazem o cultivo de soja. Já na Fazenda Lagoa Dourada, o algodão é semeado em janeiro, logo após a colheita da safra de verão, na qual eles usam variedades com ciclos mais precoces, de 100 a 110 dias. A soja é plantada, geralmente, no fim do mês de setembro e ao longo do mês de outubro. “É bem rápido, enquanto uma máquina vai colhendo a soja, a outra vai atrás plantando o algodão”, esclarece a produtora. O algodão safrinha demora uma média de 7 a 8 meses para se desenvolver, e é colhido apenas no final de julho e durante os meses de agosto e setembro.
Apesar de ser uma cultura que exige uma dedicação extra, de acordo com Márcia, o cultivo compensa bastante economicamente. Inclusive, o algodão está dando mais lucro que o milho safrinha, mesmo com o bom preço dos grãos no momento.
Ela diz que cerca de 90% dos produtores de sua região no Mato Grosso destinam uma área para o algodão em suas propriedades. “É uma cultura mais longa, sujeita a muitas pragas, dá bastante trabalho e usa mais adubo, mas a terra fica bem produtiva, depois dá pra plantar soja no lugar e ela fica com uma rentabilidade melhor”, afirma. Além disso, Márcia conta que “é uma cultura muito bonita, a lavoura é linda demais”.