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Produtoras de Mangueirinha sofrem com excesso de chuvas na região

A Revista Mulheres do Agro teve a oportunidade de conversar com as produtoras e fundadoras do grupo Mulheres do Agro de Mangueirinha (PR), as irmãs Edina e Ana Franciosi, sobre os desafios enfrentados nas lavouras desta safra 2020/2021. Elas começaram a cultivar o milho no final de setembro e a soja no início de outubro, mas os preparativos para o plantio iniciaram logo após a colheita da safra anterior, com o preparo do solo e outros planejamentos.

O plantio da cultura do milho ocorreu em boas condições climáticas, porém no início do desenvolvimento houve um grande período de estiagem, o que causou estresse hídrico nas plantas. As produtoras disseram que as folhas chegaram a enrolar devido a falta de chuvas, que perdurou até o início de janeiro.

Durante o restante do crescimento do milho, houveram algumas chuvas pontuais, porém bem abaixo do nível necessário para um bom desenvolvimento e produtividade na fase reprodutiva e de enchimento de grãos. 

Devido a seca, elas enfrentaram uma maior incidência de lagartas no milho convencional, o que gerou a necessidade de um controle mais efetivo. Além disso, a presença de outra praga, a cigarrinha, incomodou pela primeira vez as produtoras de Mangueirinha. 

Por conta de todo esse cenário, as irmãs Franciosi disseram que a produtividade da cultura deste ano será inferior em relação ao ano passado.  

A seca continuou no período de plantio da soja, tanto que, em algumas ocasiões, foi necessário suspender o processo e esperar que a umidade melhorasse para garantir boas condições de germinação. O tempo se manteve seco até a primeira quinzena de 2021, até que as chuvas começaram a se regularizar há poucos quilômetros da propriedade das irmãs. “Nós víamos a chuva passando pelos arredores, mas aqui não chegava. Até que começou a chover há 20 dias e não parou mais, com volumes muito acima do esperado, e sem previsão de sol para os próximos dias”, contou Edina. 

O maior desafio neste momento tem sido realizar os tratamentos na soja, que já estão atrasados. “Não estamos tendo janelas de pulverização: ou o solo está encharcado, ou está chovendo”, explicou a produtora. Nessa situação, a preocupação principal é aplicar os tratamentos de fungicidas para combater a ferrugem asiática e mofo branco, uma vez que as condições de temperatura e umidade favorecem o surgimento dessas doenças.   

“Mas desafios com clima, pragas e doenças são recorrentes na nossa profissão e de certa forma aprendemos a lidar com estas adversidades, fazem parte da nossa rotina de trabalho”, destaca Edina. Na visão das produtoras, é a experiência que traz aprendizado, e com muito planejamento e bom uso das tecnologias, elas se sentem confiantes em colocar as sementes na terra. 

MANEJO DA LAVOURA

Ao contrário do milho, a  cultura da soja não sofreu tanto com a estiagem, já que foi feito um bom manejo de inverno com cobertura de aveia em toda a área de lavoura. O plantio foi realizado sobre palhada abundante que, aliada ao solo argiloso de Mangueirinha, ajudou a manter a umidade na terra por mais tempo até a chegada das chuvas. A qualidade da cobertura também foi eficiente no período de chuva abundante, conservando o solo e prevenindo erosões. 

“Nesta safra utilizamos a co-inoculação, uma associação de dois tipos de bactérias no tratamento de sementes, que além de fixar nitrogênio nas plantas, aumenta o sistema radicular e se torna mais um aliado nos períodos de estiagem”, ressaltou Edina.

As produtoras fizeram um planejamento cauteloso com escalonamento de 9 variedades diferentes de soja,  com ciclos que vão desde as mais precoces até as mais tardias. Neste momento, elas estão com soja na lavoura desde R1 (início da floração) até R7 (início de maturação). “Isso nos dá uma segurança maior quanto as condições adversas do clima, minimizando riscos”, as irmãs ainda completaram que isso garante uma colheita mais tranquila e gradual na propriedade. 

Outro manejo que tem sido feito na propriedade das Franciosi, e que foi intensificado nessa safra, foi o uso de produtos biológicos, com fungos e bactérias aplicados preventivamente junto com as pulverizações para controle de pragas e doenças,  desde o pós-colheita até a fase vegetativa da soja.     

COLHEITA

As produtoras esperam iniciar a colheita da safra de verão no meio do mês de fevereiro. O maquinário necessário para a atividade já foi revisado e está pronto para começar a colher. “Estamos na expectativa que as condições climáticas fiquem mais favoráveis e que possamos retomar os trabalhos na lavoura”, diz Edina, contando que depois de 400 mm de chuva em 20 dias, hoje, dia 02 de fevereiro, tiveram sol no município de Mangueirinha. “Estamos retomando as aplicações na lavoura e mantendo os olhos no céu, seja para esperar sol ou chuva, seja para agradecer ou enviar nossas preces a Deus”, finalizou a produtora.

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